Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009

Filho de Pescador

 

 

Filho de pescador

Eu tinha, aproximadamente, mais ou menos seis anos.

Eu tinha acabado de entrar para escola em Matosinhos,

Chamada Fenatte,

perto da igreja do senhor de Matosinhos.

Como eu era feliz nesse tempo,

Sem dinheiro, também se consegue ser feliz.

Na inocência da idade, lembro-me e muito bem da minha mãe comprar roupa em segunda mão, nesse tempo

 comprou-me um sobretudo, assim eu ir agasalhado para escola e encobrir o resto,  como nunca,  fui muito exigente, eu ficava feliz com muito pouco nessa ocasião  lembro-me que eu tinha sobretudo mas não tinha sapatos, estão a ver o pagode, eu de sobretudo com tamancos lol., era a vida naquele tempo se havia para a barriga tinha-mos de dar graça a Deus por isso nunca eu passei fome.

Lembro-me de brincar aos índios,aquilo ali era pinheiros e silvas,e nós miudos iamos para  ali brincar,tambem foi quando apareceu as primeiras televisões da epoca,eu e os meus amigos iamos para as montras do Café Caravela ver esses filmes, era o tempo do Rin-Tim-Tim, era o ponto de encontro da brincadeira. onde é agora o  Estádio do Mar (Leixões)que está em meu coração, o velho estado do Santana (Leixões) era ali onde é atualmente Câmara de Matosinhos.

Lembro-me muito bem, que traineiras da sardinha paravam uma noite por semana, em que os pescadores eram a ferro e fogo, quem fosse doente não sobrevivam porque eu costumo dizer:

Era a lei do mais forte, nos dias de hoje era uma escravidão, em comparação.

Porque hoje em dia temos máquinas para tudo ou quase tudo!

Imaginem vocês descarregar por exemplo de 500 a mil cabazes de sardinha ou carapau ou cabala

Cada cabaz devia pesar por volta entre a 15 a 20 quilos, as vezes logo pela manha cedo, (diz-me quem és tu, que eu digo quem sou eu) esta frase é um provérbio dos pescadores, quer dizer:

Não dar parte de fraco.

Por vezes o mar era bravo, os homens ficam entre os barcos esmagados, e com penas partidas tudo podia acontecer,isto para apanhar a lota. Ou seja, o melhor preço, na maioria das vezes não tinham tempo de tomar uma chávena de café, imaginem uma noite toda a lançar as redes e (alar)puxa-las á mão e depois andar na descarga do peixe; como aqueles homens aguentavam, pareciam homens de outro mundo, de diferente estrutura. Quando caiam na cama ou no chão, onde dormirão  vezes sem contar o tempo, era como se fossem anestesiados. Descalços com os bordões ás costas,horas e  horas a fio, na maioria da vezes tinham de puxar as redes de ponta a ponta para ver e reparar; e  muitas vezes( era aviar e andar), era assim, que se acabava de descarregar os barcos.

 O mestre dava meia hora ou uma hora, para os pescadores arranjarem umas sandes e partirem  novamente para faina.

Como era dura essa vida, não havia outra escolha, porque o presidente Salazar não deixava emigrar.

O ponto de emigração era o porto de Matosinhos, o do Algarve até ao Minho. E trabalhavam

Por safras, entre Abril a Janeiro era quando (amarravam) os barcos era o defeso parava a faina,

Sim terra de muitas recordações a vila de Matosinhos hoje cidade com grande mérito…

Aqui fica mais uma história de um menino pescador,

Contada e gravada no seu pensamento.

Mais histórias viram a seu tempo,

Escrito pelo Jimmy o pescado

em homenagem em quem nesta terra trabalhou a todos pescadores escrevo estás minhas recordações. Fotos retiradas da net o meu muito obrigado. Jimmy o pescador

 

sinto-me: pescador ainda a crecer.
música: a minha
publicado por marinheirojimmy às 20:37
link do post | favorito
De Portojo a 29 de Outubro de 2012 às 17:30
Jimmy. Gostei de ler saudades dos nossos tempos. Não fui nem sou de Matosinhos, mas adoro essa terra como adoro o meu Porto. Um abraço


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