Sexta-feira, 30 de Janeiro de 2015

Aniversario, Navio-escola Sagres

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Sabia que?

No dia 30 de janeiro de 1962 o Navio-escola Sagres era aumentado ao efetivo da Marinha. Faz hoje 53 anos.

Deixe aqui os parabéns ao navio.

publicado por marinheirojimmy às 21:52
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Terça-feira, 30 de Dezembro de 2014

FELIZ ANO NOVO

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FELIZ ANO NOVO TODOS MARINHEIROS, E PESCADORES, DO ALTO MAR , E COSTEIROS DA VIDA MARITIMA. 

 

publicado por marinheirojimmy às 21:03
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Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2014

Navio Sagres-Vida de Marinheiro

 

publicado por marinheirojimmy às 13:14
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Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2014

Os Dez Maiores Temporais em Navios Incrível

 

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Terça-feira, 2 de Dezembro de 2014

Vida de marinheiro

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Domingo, 30 de Novembro de 2014

Servir Portugal

 

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Domingo, 16 de Novembro de 2014

Homenagem aqueles que andam no Mar

publicado por marinheirojimmy às 19:22
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Quarta-feira, 25 de Junho de 2014

JAMES WINNEFEL Almirante-de-Esquadra Marinha dos EUA

SAUDAÇÕES NAVAIS "O enjoo vem para Todos, o perigo idem , não há retaguarda, todos estão imbuídos da mesma vontade e destino! Tem mesmo de existir união... E, depois, há o " nosso navio"!!! JAMES WINNEFEL Almirante-de-Esquadra Marinha dos EUA Assim como deixou claro o Marechal Montgomery, os marinheiros são diferentes dos seus camaradas da Força Aérea e do Exército. Eles falam uma linguagem própria, fazem perguntas diferentes, dão respostas diferentes, suportam fainas pesadas com alegria e formam um clã especial. Suas vidas são definidas por uma sucessão de comissões e eles formam um intrigante amálgama de tradição. Como podemos perceber a diferença entre os guerreiros das três forças? Por que os marinheiros são tão diferentes? Mesmo aqueles marinheiros que também são pilotos são diferentes de seus colegas da Força Aérea. Também mesmo aqueles marinheiros que também são soldados – e chamados de Fuzileiros Navais - são diferentes de seus camaradas do Exército. As respostas a estas questões têm suas raízes no ambiente no qual vivem e lutam os marinheiros.Isto se aplica para a Marinha de Guerra e na Marinha Mercante com certas modificações pois lá o supremo é o Comandante. O soldado molda seu ambiente alterando seus contornos, explorando o terreno, dominando-o com o poder de fogo, ou, quando tudo mais falha, movimentando-se para outro ambiente. O piloto é um acrobata que desafia a gravidade. O ar é um meio para a liberdade. De sua posição vantajosa acima de seus colegas guerreiros, ele dá grande ênfase na superioridade e no controle. O marinheiro, por outro lado, está constantemente na presença de uma força maior que ele mesmo. Ele sente o tempo através do balanço e do caturro de seu navio. Uma vez no mar, não é uma questão simples voltar para a terra, não há passeios no shopping, não existe energia de terra, não há telefone para saber notícias, não há carteiro diariamente ou jornal para se manter em contato com o mundo, não existe licença para aliviar as tensões de um dia, e nem há a presença nem o conforto da família. O piloto conquista seu ambiente, o marinheiro sobrevive nele. O soldado molda e explora seu ambiente, o marinheiro deve se ajustar a ele. O soldado depende de “armas combinadas”, o marinheiro precisa confiar em si mesmo e no mundo limitado pelo seu navio. O soldado deve avançar ou retrair, o marinheiro deve permanecer e lutar. Em tempos modernos, mesmo a opção de se render está além do alcance dos marinheiros, ele luta e morre com o navio – mesmo se o navio for um casco soçobrado em chamas abaixo de seus pés. Tais forças incutem no marinheiro uma combinação única de qualidade: autoconfiança, respeito e atenção ao seu comandante, e um acentuado senso de responsabilidade. O comandante está na frente de batalha, e não nos quartéis-generais da retaguarda; ele deve enfrentar o inimigo, pois está tão exposto como o mais moderno marinheiro a bordo. Não existe retaguarda para um navio em combate. Almirantes e marinheiros dividem igualmente o risco de enfrentar o fogo inimigo ou a fúria de um temporal, pois estão, literalmente no mesmo barco. Os espaços limitados de um navio de guerra – mesmo de um grande navio – forçam a amizade entre seus tripulantes. Não existe lugar para se esconder. As forças ou as fraquezas são logo descobertas e conhecidas. A capacidade profissional do comandante está a vista à vista de todos, todo dia. Uma atracação malfeita simplesmente não pode ser escondida dos subordinados. Da mesma maneira, um comandante que mostra zelo pelo profissionalismo, que tem especial atenção no trato com os subalternos, sem no entanto deixar de corrigir as falhas que apareçam, é imediatamente considerado um herói para todos. Um marinheiro a bordo não pode deixar de participar das fainas, ao contrário de alguns pilotos que colocam suas aeronaves “indisponíveis” na inspeção pré-vôo. Um marinheiro deve estar preparado para as vicissitudes da natureza e do inimigo, e em conseqüência ele deposita um grande crédito na prontidão e na prudência. Ele se prepara para o improvável e até mesmo para o impossível. Para seus pares de terra e ar, ele se parece muito conservador. Para ele, as coisas importantes simplesmente precisam funcionar, e por isso precisam ser simples. Ele ainda acha que os mastros são apêndices úteis – mesmo após ter passado o tempo da Marinha a Vela – para estender seu horizonte e como lugar para colocar seus equipamentos mais usados. Ele aceitou o cabo de náilon, mas ainda existe um lugar especial no seu coração para o cabo manilha. Aceitou a turbina a gás na propulsão de seus navios, mas guarda ainda um lugar especial para o vapor. Realmente, suas veias parecem estar cheias de vapor; no preparo do rancho, na transformação de água salgada em água doce, para o aquecimento e, em alguns casos, para o lançamento de aeronaves. Quase todos os navios de guerra têm vapor em seus sistemas para o apoio à vida de bordo. Por ser navio uma entidade completa, o marinheiro dá grande importância em moldar suas ações de maneira independente dos outros navios e das bases. Ele se recente quando sofre interferência de terceiros ao lhe dizerem como conduzir duas tarefas, e está feliz quando o único navio, de horizonte a horizonte, é o seu. A presença de um navio mais antigo o impede de ter paz em sua mente, e ele se torna o principal crítico dos erros cometidos pelo navio capitânia. É o seu navio contra o ambiente, o inimigo, ou mesmo contra o navio irmão. Não existe maior competição na terra do que a que ocorre entre navios de um mesmo esquadrão, ou da mesma força-tarefa. Lealdade ao navio e lealdade a sua força são dogmas a serem seguidos. Um soldado certamente terá uma Associação do Batalhão, para que se relembre do passado, mas um marinheiro se lembra apenas do seu navio. Raramente ocorre a um marinheiro formar uma Associação da FT 94 ou uma Associação da Esquadra. Um oficial sempre se lembrará de seu primeiro navio, dos nomes do timoneiro e do vigia de seu quarto de serviço, e das situações que eles enfrentaram no porto ou no mar. Uma das experiências mais gratificantes para o homem do mar é recordar os “ bons tempos”, quando se encontra com antigos companheiros de bordo. Esta experiência vivida pelos marinheiros, ao longo de suas carreiras, gera um senso de lealdade entre as tripulações e com a Marinha que é um elo, sem nada correspondente nas outras Forças. Para o marinheiro, as entidades organizacionais dos soldados e dos pilotos se parecem com uma “ sopa de letras”: os números mudam, as pessoas são transferidas rapidamente e as Unidades não têm um nome ou um número. Já o navio do marinheiro tem um nome e, o que é mais importante, geralmente é um nome lembrando uma passagem vitoriosa da história de seu País ou o nome de algum herói nacional. Os marinheiros valorizam essa conexão com o passado e vêem-se tão capazes como seus antecessores. Mas a tradição não é simplesmente um guia para a ação, é uma forma de lealdade à Força e uma reafirmação do lugar do marinheiro na fila dos heróis. Os costumes e as cerimônias navais reforçam o senso de identidade e de continuidade. Uma passagem de comando, o lançamento de um navio ou o cerimonial à Bandeira Nacional são ocasiões nas quais a comunidade naval expressa a sua confiança e seu apreço pelos homens do mar. As honras ao navio e à sua tripulação são confirmadas na presença de amigos, parentes e colegas de farda. O termo “ conservador” parece ser melhor aplicado aos oficiais de Marinha do que aos de outras forças. Um marinheiro reluta sempre em abandonar o que, no passado, lhe serviu de maneira eficiente. Ainda hoje os oficiais se apresentam aos chefes de departamento, e estes a seus imediatos, antes de baixarem terra. A chegada e a saída do comandante a bordo são cercadas de cerimoniais; içar ou arriar a bandeira substituta, informar ao imediato ou ao oficial de serviço, o qual acompanhará comandante até a câmara. A chegada do comandante da força ou de um almirante a bordo é o bastante para transformar o mais pacato dos navios num frenesi de preparativos, com atenção ao detalhe. Essas cerimônias e tradições parecem estranhas para o soldado, para o piloto e para o civil, mas para o marinheiro são parte da vitalidade de sua experiência profissional; ele sabe o que se espera dele e onde estão depositados a honra e o reconhecimento. Mas o marinheiro também sabe premiar aqueles que sabem combinar tradição com inovação. Ele faz um balanço entre os dois pólos: aqueles que acham que porque é velho é que deve ser bom, e aqueles que pensam que se é novo deve ser melhor. Na verdade, ele confia nas coisas velhas, mas reconhece o valor do novo. O radar, a turbina a gás, o avião, a propulsão nuclear e a comunicação por satélite revolucionaram o mundo no qual ele vive, mas o mar ainda está lá. Os navios são ainda danificados ou afundados pelo mar, navios ainda se chocam em um mar sem sinais de trânsito ou vias expressas. As mesmas características são divididas entre Marinhas. Os marinheiros geralmente têm simpatia por seus colegas estrangeiros. Eles enfrentam os mesmos perigos e respondem aos desafios de maneira semelhante. Eles comungam reverências às tradições e aos costumes da mesma forma, e, em muitos casos, até as fontes das tradições são as mesmas: tradições cultivadas pela Marinha a Vela. Na medida em que ingressamos na era das operações conjuntas e combinadas, os marinheiros terão que fazer alguma concessão aos companheiros das outras forças, porém a natureza única da profissão naval e de seu ambiente peculiar certamente marcarão de forma indelével a forma e o conteúdo dos planejamentos e das operações. Os soldados e os pilotos certamente aprenderão que os aparentemente excêntricos e tradicionais marinheiros são, na verdade, profissionais moldados pela água salgada. “ Onde o espírito não teme, a fronte não se curva”

 
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Sexta-feira, 25 de Abril de 2014

Offshore

 

 

 

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Terça-feira, 22 de Abril de 2014

Navios

 

 

 

 

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Sábado, 12 de Abril de 2014

Navios do offshore

 

 

 

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Terça-feira, 17 de Setembro de 2013

Servir Portugal no Mar

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Terça-feira, 2 de Outubro de 2012

Disney procura portugueses para trabalhar em cruzeiro

 
 
A Disney está a recrutar portugueses para trabalharem num dos seus novos cruzeiros . A empresa tem actualmente 30 vagas na área da restauração por preencher.   

Nos dias 24 e 25 de outubro, a Disney estará em Portugal para procurar candidatos para o sector de restauração dos navios. Em comunicado, a Disney afirma que procura pessoas "entusiásticas e motivadas" para trabalharem como empregados de mesa ou de bar. Os candidatos devem ter excelentes conhecimentos de inglês e também dominar o setor das bebidas (vinhos e cocktails).

O ordenado dos empregados de mesa é um pouco acima dos 1.500 euros e o dos empregados de bar ronda os 1.170 euros, embora a este valor se acrescente a contribuição das gorjetas. O contrato tem a duração de seis meses e a carga horária será à volta de 80 horas por semana, sendo que inclui folgas rotativas. As refeições e o alojamento são providenciados pela Disney.

Para concorrer é necessário enviar um currículo em inglês (com foto) para cruise@internationalservices.fr. A candidatura deve ser também enviada - em CC - para o email emcocolocacaoexterna@iefp.pt.

A empresa adianta ainda que os cruzeiros Disney navegam um pouco por todo o mundo - viajando pelo Pacífico, fazendo viagens transatlânticas e também pela Europa e Mediterrâneo - o que dá à sua equipa a oportunidade de conhecer vários países.

 

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Quarta-feira, 8 de Agosto de 2012

Mar do Norte-VISION

 

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Segunda-feira, 14 de Maio de 2012

A odisseia dos Homens do `Creoula´

A odisseia dos homens do ‘Creoula’

Há 75 anos, o bacalhoeiro integrou a frota nacional. Histórias do tempo em que a pesca era um assunto de fortuna ou de morte

  • Noticia do Correio da manhã       

Por:Marta Martins Silva 

 

 

Quando ia para o mar, nunca dizia adeus. Sabia que podia não voltar. Podia morrer afogado, não encontrar o navio e perder--se no meio da neblina, ceder ao sono e ao cansaço na proa do dóri [bote] e deixar-se cair, mas dizia ‘até logo’ de todas as vezes que se despedia à porta de casa e embarcava no ‘Creoula’ a caminho dos bancos da Terra Nova e da Gronelândia, para mais seis meses de campanha na pesca do bacalhau.

José Santos Leites, natural de Caxinas, Vila do Conde, era contramestre no lugre de quatro mastros que durante 36 anos foi bacalhoeiro abençoado pelo regime do Estado Novo, num tempo em que a sina de muitos homens passava pela pesca e a das mulheres pela oração. "Iam à Nossa Senhora das Boas Novas pedir que a santa protegesse os maridos na pesca do bacalhau enquanto eles, no meio do oceano, passavam medos, solidão e fome, uma barbárie", recorda Rosa Maria, filha do caxineiro que começou como pescador no ‘Creoula’, no início da década de quarenta, e anos depois chegou a contramestre por ser "um pescador de primeira linha" [os que apanhavam mais peixe e que no fim da viagem recebiam o ‘mérito’]. José já cá não está para contar as histórias que o mar teceu, mas foi a idade que o levou, não a pesca.

"Ele contava que na altura da II Guerra Mundial tinham medo de serem atacados no meio do oceano, principalmente na Gronelândia, tinham o fantasmas das coisas que pairavam no mar." O medo não era em vão: o ‘Deléns’ e o ‘Maria da Glória’, também lugres bacalhoeiros, foram bombardeados no meio do Atlântico em 1942 por submarinos alemães em tempo de guerra mundial.

VIDA DURA

O ‘Creoula’ provou pela primeira vez a água há 75 anos, numa cerimónia presidida pelo chefe de Estado, o general Carmona, ao mesmo tempo que o ‘Santa Maria Manuela’, seu gémeo em constituição e plano, mas a sua faina não foi sempre a mesma. Em 1973 fez a última campanha como bacalhoeiro e em 1979 foi comprado à Parceria-Geral de Pescarias pela Secretaria de Estado das Pescas que, vendo o casco conservado, o transformou em Navio de Treino de Mar. Mas o tempo do bacalhau – nos melhores anos chegou a carregar mais de 12 800 quintais [768 toneladas], mais do que a sua capacidade máxima – ficou para sempre entranhado nas redes daqueles que o viveram.

"Não há vida pior do que a de um pescador do bacalhau! Todos os anos um homem vem para este inferno no engodo de juntar uns patacos, a ver se fica em terra para sempre, se não volta mais (…) Volta mais um ano, mais outro, mais outro… Até cair de podre. Até que o mar o leve", escreveu Bernardo Santareno em ‘O Lugre’, homenagem aos pescadores "daquelas águas onde o dia nunca acaba e o sol brilha no meio da noite". O escritor acompanhou, enquanto médico, campanhas na pesca do bacalhau, o que influenciou a sua obra feita de histórias de mar.

José Picoito, natural da Fuseta, Olhão, entrou no ‘Creoula’, último bacalhoeiro português, pela mão do pai, pescador e salgador que ali fez tantas campanhas quantas as que o navio conheceu. "Quem não queria ir à tropa fugia para o bacalhau, era a forma de escapar. Livrei-me dessa vida aos 27 anos, depois de oito campanhas de pesca." Em 1961, quando a guerra estalava em Angola, José batalhava no mar, uma dureza diferente.

"Dormíamos no rancho, dois em cada beliche. Havia beliches em cima, ao meio e em baixo. Também era aí que comíamos o jantar. Para nos lavarmos davam-nos uma caneca de água fria; aproveitávamos quando íamos a St. John’s buscar isco, ou quando tínhamos de atracar por causa dos ciclones, para nos lavarmos numa ribeira", lembra. "O navio tinha de poupar água doce para a comida por isso era racionada", explica Fernando Oliveira, quatro campanhas a bordo do ‘Creoula’ e 60 anos de idade.

"Arriava-se os botes por volta das cinco da manhã e depois era cada um por si, uma vida ingrata. Nesse tempo, da pesca à linha, o jantar era sempre bacalhau: umas vezes frito, outras vezes cozido, estava sempre na ementa. Vivíamos a pescá-lo e a comê-lo", conta o caxineiro que começou na infância à pesca da faneca com o avô e só aos 18 se virou para o bacalhau. "Nessa altura era um dos verdes", os estreantes. A primeira vez no dóri foi "terrível. Tinha mais medo do nevoeiro do que do mar, o nevoeiro era uma doença".

Por isso, optou por nunca se distanciar dos outros botes durante a jornada solitária no meio do nada. "Preferia apanhar menos peixe e não me perder ou acabar afogado, por isso nunca fui dos melhores. Por isso também nunca ganhei mais do que quatro ou cinco contos por campanha. Os homens de primeira linha – que tinham um motor para o dóri cedido pela companhia – chegavam a tirar mais 15 ou 20 contos, conseguiam comprar carros de 50 contos e muitos abateram as dívidas da casa assim."

Fernando era nessa altura solteiro, mas quem já tinha aliança entregava à mulher o dinheiro – conta Joaquim Sousa – mal poisava pé em terra.

"Houve um ano – lembra António São Marcos, agora comandante do ‘Santa Maria Manuela’ – que os comandantes dos navios foram condecorados com o Grau de Cavaleiro e alguns dos primeiras linhas com o Grau de Oficial da Ordem do Mérito Industrial", tal era a sua importância para o regime.

JORNADA LONGA

O retorno dos dóris ao navio era às sete, oito da noite. Uma jornada que podia durar 15 horas. "Para regressarmos chamavam-nos com umas sirenes, mas às vezes não ouvíamos. O almoço era comido no dóri, normalmente uma fatia de fiambre ou marmelada e uma conserva de atum ou sardinha", recorda Afonso Silva, de 58 anos, cuja primeira viagem no ‘Creoula’ foi também a última do bacalhoeiro português.

Os pescadores iam remando por ali, experimentando "com a zagaia até encontrar peixe. Quando isso acontecia largávamos os trolleys e esperávamos pelo menos uma hora até recolher as linhas"; uma sequência repetida até encher o bote. "Na fase da força do peixe quase não descansávamos. E quem apanhava vigia nesses dias nem dormia", diz Fernando sobre um "cansaço tão grande que às vezes se adormecia em cima da proa do bote, correndo o risco de cair". "Por isso, quando chegávamos ao navio descarregávamos o peixe e íamos logo jantar, tal era a fome. Só depois, pela noite dentro, é que arranjávamos o peixe", recorda Afonso.

Passavam-se horas de volta do bacalhau, uma sequência de procedimentos que tinham de ser feitos, desde o troteiro (corta a cabeça do bacalhau), ao garfeiro (vai atirando o bacalhau para onde é preciso), ao salgador. António São Marcos lembra a azáfama a bordo e a sua função, "uma espécie de dona de casa do navio. De manhã, quando os homens saiam nos dóris, ficava a bordo a orientar a baldeação do navio, que era lavar os restos do trabalho da noite. Depois era alisar o sal e preparar o porão para a pesca desse dia. À noite, quando os homens voltavam, supervisionava o processamento do pescado", recorda António São Marcos.

"Só não aproveitávamos a parte óssea, do crânio, de resto aproveitávamos tudo, nada se estragava", lembra Fernando.

Nos dias em que "no conjunto de todos os dóris se pescava mais de 200 quintais [12 toneladas], o capitão punha música para acompanhar o trabalho de salgar e escalar o bacalhau. Eram normalmente discos de fado, mas às vezes também baladas", recorda o algarvio José. Joaquim Sousa, 72 anos, viu-se a caminho da terra prometida noutro bacalhoeiro, mas ouviu do pai, com 29 viagens no ‘Creoula’, as histórias que depois sentiu na pele.

"O meu pai tinha seis filhos, por isso aguentou todos aqueles anos esta vida dura, sem água, sem luz, uma solidão imensa. Era um alívio chegar a terra depois de tanto tempo a ver o mar. Mas enquanto o meu pai não se afastava muito dos outros botes, eu arriscava mais. Tive dias de andar onze milhas para apanhar o navio. Às tantas já não se via nada: víamos um pássaro e achávamos que estávamos a ver o navio, já era a cabeça a baralhar". No mar, como na guerra, "cada homem é um tubarão, havia uma rivalidade terrível entre os pescadores que apanhavam mais peixe. Essa foi uma herança maldita que veio de outro tempo, mais antigo".

A FÉ NA HORA DO MEDO

‘Levantai-vos rapaziada, filhos da Virgem Maria/ Vai um homem para o leme e dois para a vigia’ era o último verso dos Louvados, que todos os dias os pescadores repetiam antes da descida dos botes para mais uma jornada de pesca à linha. Diz o ditado ‘Se queres aprender a orar, entra no mar’ e era à fé que os pescadores se agarravam. "Eu sentava-me na escada que ia dar ao rancho e era dos que orava mais alto. Com a morte ali tão perto, era preciso agarrarmo-nos à esperança de que voltaríamos", lembra Fernando Oliveira.

‘Vamos arriar com Deus’ ordenava o capitão. As crenças estavam tão presentes nos homens do mar que "o bote número 13 ninguém queria", recorda José Picoito sobre o sorteio feito na viagem de ida. "Era o número do azar e os pescadores tinham muito medo de não regressar." José, hoje com 70 anos, perdeu colegas. "Eram da Nazaré e nunca mais os vimos. O navio esperou, esperou, mas não vieram." Joaquim também ouviu do pai essas histórias. "Foram engolidos pelo mar e não mais apareceram." "Não era uma vida fácil para ninguém, desde o comandante ao moço", lembra António São Marcos, que tinha então 22 anos. "Mas guardo muitas e boas recordações dessa viagem. Tenho uma memória romântica daquela campanha que fiz no ‘Creoula’, apesar das poucas condições que havia foi uma viagem memorável."

Para os pescadores os momentos felizes daquela época teciam-se menos das linhas de pesca e mais das discotecas de St. John’s. "Tínhamos uma roupa guardada para quando íamos a terra dançar. Aí esquecíamos tudo", lembra Afonso Silva, que se deixou tentar "pelas canadianas" que encontrava. José também teve uma namorada ou outra. "Mas amor a sério foi em terra, em Portugal."

 

O meu muito obrigado ao jornal Correio da Manhã.

e a jornalista MartaMartins Silva

 

Postado, por jimmy o Marinheiro

 

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Enfrentando Tempestade nos mares

tempestade
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Quarta-feira, 25 de Abril de 2012

Sonho de um Marinheiro

sonho de marinheiro
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Domingo, 26 de Fevereiro de 2012

Traineiras do tempo

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Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2012

Marinheiro

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Domingo, 15 de Janeiro de 2012

São Carlos

são carlos
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