Safar o ((Trole))
Vou passar a explicar
Aparelho de pesca que partia de uma longa linha que em cada metro e meio levaria um outro metro de linha com um anzol.
E assim repartido em linhas de cinquenta braças que daria a volta de quatro linhas com uma medida mais ou menos duzentos e cinquenta metros, por cada caixa que vocês vê aqui os pescadores ((safando))preparando as linhas de novo para pesca.
Neste tempo era por caixas assim, mais tarde veio os ((polegos))nome que os pescadores lhes deram a este misto de pesca, passo a explicar e diferencia, entre a caixa do trole e o polego,
Com as caixas de trole era o mesmo método,com as caixas era largado a mão e com o polego era como automatico, só que com os polegos era mais rápido para ir a água o aparelho, enquanto a caixa será anzol por anzol, com os polegos era largando com o barco navegando a toda força.
Aqui fica esta história do nosso Portugal e da pesca antiga que já acabou, vida dura essa eram horas e horas trabalhando, partia-se de casa as dez da noite e só se voltava depois vinte quatro horas mais tarde cansados de trabalhar e mal alimentados. Porque o pescador não tem horas de descanso quando está alando os aparelhos da água, tem de alar para ficarem prontos para tornar alargar.
Aqui lhes deixo está linda foto antiga do porto da Povoa de Varzim
Os tempos eram difíceis mas não havia crise, eu acho que estamos a viver a mesma dificuldade em tempo moderno, se vê muitas montras cheias de tudo mas não há dinheiro nem trabalho, e vejo muita miséria, e sofrimento…
Jimmy o Marinheiro
Filho de pescador
Eu tinha, aproximadamente, mais ou menos seis anos.
Eu tinha acabado de entrar para escola em Matosinhos,
Chamada Fenatte,
perto da igreja do senhor de Matosinhos.
Como eu era feliz nesse tempo,
Sem dinheiro, também se consegue ser feliz.
Na inocência da idade, lembro-me e muito bem da minha mãe comprar roupa em segunda mão, nesse tempo
comprou-me um sobretudo, assim eu ir agasalhado para escola e encobrir o resto, como nunca, fui muito exigente, eu ficava feliz com muito pouco nessa ocasião lembro-me que eu tinha sobretudo mas não tinha sapatos, estão a ver o pagode, eu de sobretudo com tamancos lol., era a vida naquele tempo se havia para a barriga tinha-mos de dar graça a Deus por isso nunca eu passei fome.
Lembro-me de brincar aos índios,aquilo ali era pinheiros e silvas,e nós miudos iamos para ali brincar,tambem foi quando apareceu as primeiras televisões da epoca,eu e os meus amigos iamos para as montras do Café Caravela ver esses filmes, era o tempo do Rin-Tim-Tim, era o ponto de encontro da brincadeira. onde é agora o Estádio do Mar (Leixões)que está em meu coração, o velho estado do Santana (Leixões) era ali onde é atualmente Câmara de Matosinhos.
Lembro-me muito bem, que traineiras da sardinha paravam uma noite por semana, em que os pescadores eram a ferro e fogo, quem fosse doente não sobrevivam porque eu costumo dizer:
Era a lei do mais forte, nos dias de hoje era uma escravidão, em comparação.
Porque hoje em dia temos máquinas para tudo ou quase tudo!
Imaginem vocês descarregar por exemplo de 500 a mil cabazes de sardinha ou carapau ou cabala
Cada cabaz devia pesar por volta entre a 15 a 20 quilos, as vezes logo pela manha cedo, (diz-me quem és tu, que eu digo quem sou eu) esta frase é um provérbio dos pescadores, quer dizer:
Não dar parte de fraco.
Por vezes o mar era bravo, os homens ficam entre os barcos esmagados, e com penas partidas tudo podia acontecer,isto para apanhar a lota. Ou seja, o melhor preço, na maioria das vezes não tinham tempo de tomar uma chávena de café, imaginem uma noite toda a lançar as redes e (alar)puxa-las á mão e depois andar na descarga do peixe; como aqueles homens aguentavam, pareciam homens de outro mundo, de diferente estrutura. Quando caiam na cama ou no chão, onde dormirão vezes sem contar o tempo, era como se fossem anestesiados. Descalços com os bordões ás costas,horas e horas a fio, na maioria da vezes tinham de puxar as redes de ponta a ponta para ver e reparar; e muitas vezes( era aviar e andar), era assim, que se acabava de descarregar os barcos.
O mestre dava meia hora ou uma hora, para os pescadores arranjarem umas sandes e partirem novamente para faina.
Como era dura essa vida, não havia outra escolha, porque o presidente Salazar não deixava emigrar.
O ponto de emigração era o porto de Matosinhos, o do Algarve até ao Minho. E trabalhavam
Por safras, entre Abril a Janeiro era quando (amarravam) os barcos era o defeso parava a faina,
Sim terra de muitas recordações a vila de Matosinhos hoje cidade com grande mérito…
Aqui fica mais uma história de um menino pescador,
Contada e gravada no seu pensamento.
Mais histórias viram a seu tempo,
Escrito pelo Jimmy o pescado
. Descarga dos sardinheiros...